segunda-feira, 11 de outubro de 2010

O PODER E O POVO

A República foi feita pela chamada “geração de 90″ (1890), a chamada “geração doUltimatum“, educada pelo “caso Dreyfus” e, depois, pela radicalização da República Francesa de Waldeck-Rousseau, de Combes e do “Bloc des Gauches” (que, de resto, só acabou em 1909). Estes beneméritos (Afonso Costa, António José d”Almeida, França Borges e outros companheiros de caminho) escolheram deliberadamente a violência para liquidar a Monarquia. O Mundo, órgão oficioso do jacobinismo indígena, explicava: “Partidos como o republicano precisam de violência”, porque sem violência e “uma perseguição acintosa e clamorosa” não se cria “o ambiente indispensável à conquista do poder”. Na fase final (1903-1910), o republicanismo, no seu princípio e na sua natureza, não passou da violência, que a vitória do “5 de Outubro” generalizou a todo o país.
 
Não admira que a República nunca se tenha conseguido consolidar. De facto, nunca chegou a ser um regime. Era um “estado de coisas”, regularmente interrompido por golpes militares, insurreições de massa e uma verdadeira guerra civil. Em pouco mais de 15 anos morreu muita gente: em combate, executada na praça pública pelo “povo” em fúria ou assassinada por quadrilhas partidárias, como em 1921 o primeiro-ministro António Granjo, pela quadrilha do “Dente de Ouro”. O número de presos políticos, que raramente ficou por menos de um milhar, subiu em alguns momentos a mais de 3000. Como dizia Salazar, “simultânea ou sucessivamente” meio Portugal acabou por ir parar às democráticas cadeias da República, a maior parte das vezes sem saber porquê.

E , em 2010, a questão é esta: como é possível pedir aos partidos de uma democracia liberal que festejem uma ditadura terrorista em que reinavam “carbonários”, vigilantes de vário género e pêlo e a “formiga branca” do jacobinismo? Como é possível pedir a uma cultura política assente nos “direitos do homem e do cidadão” que preste homenagem oficial a uma cultura política que perseguia sem escrúpulos uma vasta e indeterminada multidão de “suspeitos” (anarquistas, anarco-sindicalistas, monárquicos, moderados e por aí fora)? Como é possível ao Estado da tolerância e da aceitação do “outro” mostrar agora o seu respeito por uma ideologia cuja essência era a erradicação do catolicismo? E, principalmente, como é possível ignorar que a Monarquia, apesar da sua decadência e da sua inoperância, fora um regime bem mais livre e legalista do que a grosseira cópia do pior radicalismo francês, que o “5 de Outubro” trouxe a Portugal?

(Adaptação do prefácio à 6.ª edição do meu livro O Poder e o Povo).

Vasco Pulido Valente
(Fonte: Público)

O IMPASSE DO REGIME

 

Vasco Pulido Valente chama-lhe uma “extravagante situação”, a do País inteiro estar fatalmente condenado a conviver com o primeiro-ministro mais execrado de que há memória, pelo menos durante mais um ano, talvez o período histórico mais delicado e determinante da nossa história recente. 
Assim é, porque as normas constitucionais produziram a aberração que é esta autentica manietação regimental: o legislador, prevenindo a natureza facciosa do Chefe de Estado emergido da luta partidária, e a possibilidade duma manipulação da agenda política em seu proveito eleitoral, impede-o de dissolver o parlamento, de acorrer a uma mais que previsível tragédia política a curto prazo. Aconteça o que acontecer durante os próximos meses, o destino da Nação encontra-se nas mãos de José Sócrates.

Irónico é como esta realidade afinal se revela tão conveniente ao Presidente da República que assim não necessita arriscar uma dramática decisão política, sobejando-lhe uma condescendente e escorreita caminhada triunfal para o seu segundo mandato. Resta-nos a nós esperar, torcer e rezar para que, daqui a um ano ainda haja um País para ser “presidido”, um Estado para alguém governar, um Portugal onde possamos trabalhar e criar os nossos filhos.


publicado por João Távora
(Fonte: Blogue da Real Associação de Lisboa)

domingo, 10 de outubro de 2010

CEM ANOS DE MENTIRA

Não podia ter calhado melhor este centenário de comemorações da república, que para alguns é também o centenário da resistência monárquica ao estado desta república. República esta que nos ofereceu a I república, um dos períodos mais negros da nossa história e posteriormente o Estado Novo, objectivamente o período mais negro da nossa história recente - em cem anos de regime que alguns agora comemoram tivemos mais de metade de anarquia e de ditadura, e é triste verificar que os historiadores do regime nada dizem sobre o assunto, limitando-se a fazer a apologia de ideais sobre uma chefia do estado que nada tem de ideológico.

Hoje sabemos que estamos em crise profunda, e temos a noção que esta crise não apareceu do nada, nem nos chegou via correio internacional dos E.U.A. ou do BCE. Sabemos que a crise que vivemos teve responsáveis, foi fruto de más práticas de gestão da coisa pública, logo foi essencialmente fruto dos políticos que nos governaram nas últimas décadas. Políticos que nos governaram em república, com um chefe de estado, ou seja, o mais alto magistrado da nação e o nosso supremo moderador, comprometido com os partidos, com as influências financeiras e com todos os outros lobbys. E não falo de nenhum presidente em concreto, falo de todos - não houve na história da república nenhum presidente independente, que moderasse a nação acima dos interesses dos partidos que o ajudaram a eleger, dos interesses económicos que financiaram a sua campanha e das personalidades e amigos que o fizeram subir na vida política e lhe permitiram chegar à presidência da república.

Neste regime em que vivemos está tudo comprometido com as más práticas políticas que infelizmente afundaram o nosso país, as nossas empresas e principalmente as nossas famílias. Este comprometimento vai da Assembleia da República até à Presidência da República, passando pelos conselhos de administração das grandes empresas e pelos gestores públicos com honorários que envergonham aquilo que devia ser um estado de direito democrático. No meio de tudo isto ninguém consegue dizer basta. Nem mesmo o chefe de estado consegue ser o timoneiro de uma mudança das práticas políticas, isto por apenas um motivo: o Presidente da República é o primeiro nesta teia de compadrio e comprometimentos.

Comemorar a república neste 5 de Outubro é o mesmo que baixarmos os braços e aceitarmos o estado a que o nosso país chegou, é negarmos às próximas gerações o direito a serem felizes e a serem bem governadas por políticos sérios, que sejam moderados por um chefe de estado isento, com um sentido de missão patriótica e que esteja acima dos interesses partidários, pessoais e financeiros que nos fizeram chegar até aqui. Cem anos de regime, devem merecer da parte de todos pelos menos cinco minutos de reflexão.

João Gomes de Almeida
(Fonte: Blogue da Real Associação de Lisboa)

sábado, 9 de outubro de 2010

OS EXILADOS DA REPÚBLICA!

“Forçado pelas circunstâncias, vejo-me obrigado a embarcar no iate Real Amélia. Sou Português e se-lo-ei sempre. Tenho a convicção de ter sempre cumprido o meu dever de Rei em todas as circunstâncias e de ter posto o meu coração e a minha vida ao serviço do meu País. Espero que ele, convicto dos meus direitos e da minha dedicação, o saberá reconhecer!”
El-Rei Dom Manuel II.

Esta frase estava entre as suas últimas palavras:
"Quero bem a todos os portugueses, mesmo àqueles que me fizeram mal".Rainha Dona Amélia.

Maria Menezes

Fonte: Facebook

SER MONÁRQUICO NUMA REPÚBLICA


sexta-feira, 8 de outubro de 2010

QUANDO ACORDAREMOS?

“(…) o restabelecimento da Monarquia, a que se chama contra-revolução, não será uma revolução ao contrário, mas o contrário da Revolução

Joseph de Maistre

1. Ao contrário do que aconteceu na fundação das três repúblicas que conhecemos, nós, os realistas democráticos, queremos uma transição para a Monarquia baseada num contrato, entre o povo e o soberano. Não queremos, não reivindicamos, não pretendemos a restauração através de um golpe de Estado (como aconteceu em 5 de Outubro, 28 de Maio e 25 de Abril). Queremos um progresso, um avanço para uma Monarquia Constitucional, baseada na Tradição democrática portuguesa. Queremos um regime mais respeitador dos princípios da Res Publica, ou seja, do que é público – do que é de todos (a corrupção e o tráfico de influências é, muito provavelmente, o maior indício da prostituição do poder político). Constatamos que o cidadão está cada vez mais alheado dos negócios públicos. A polis está submersa num denso nevoeiro, onde nem governados nem governantes percebem o rumo da Nação. Apercebemo-nos que os protagonistas políticos estão afogados em mentiras e contradições. E o cidadão sente-se cada vez mais impotente para alterar o status quo.

2. Precisamos de um poder Moderador que nos represente a todos e não apenas aos partidos. Alguém acredita que o Presidente é independente do sistema partidário? Não me parece! Até hoje – desde 74 – não se conhece nenhum Presidente eleito sem o apoio de um ou mais partidos (este apoio traduz-se numa nomeação: o partido escolhe o seu candidato).

3. O contrário da Revolução é o caminho legítimo para a consagração de um regime legítimo. Vivemos numa tensão entre o passado, presente e futuro. A memória, a vitalidade histórica (modo de adequação ao tempo presente) e a perspectiva de um futuro melhor, consubstanciada numa visão realista do que poderá acontecer, são os princípios orientadores do rumo a seguir. O leme tem de estar em nossas mãos!

p.s. Festejemos o verdadeiro 5 de Outubro, celebremos o Tratado de Zamora!!


Gonçalo Barrilaro Ruas (Setembro de 2010)